Audiência Pública discute recuperação do pátio ferroviário de Ribeirão Vermelho

Numa audiência pública que quebrou o protocolo, moradores de Ribeirão Vermelho abriram a reunião conjunta das comissões de Turismo, Indústria, Comércio e Cooperativismo e de Assuntos Municipais e Regionalização, realizada no município. Eles pediram, em coro, a restauração da rotunda, prédio situado no pátio de manobras ferroviário, o maior da América Latina, inaugurado em 1896. A audiência discutiu nesta quinta-feira (6) a preservação do patrimônio da antiga Rede Ferroviária Federal na cidade, a requerimento dos deputados Dalmo Ribeiro Silva (PSDB) e Liza Prado (PSB).

A manifestação dos moradores, precedida por apresentação de crianças que conduziam uma miniatura de trem, foi coordenada pela prefeita, Ana Rosa Mendonça Lasmar. “Em uma só voz e ao som do apito do trem, nós suplicamos”, começou ela, “pela restauração da rotunda, já”, completou a platéia. Na audiência, a secretária de Estado de Cultura, Eliane Parreiras, firmou o compromisso público de defender que o pedido seja uma das prioridades do governo.


A rotunda de Ribeirão Vermelho (foto),  faz parte do também maior complexo ferroviário da América Latina, composto por oito prédios que estão em péssimas condições de conservação. Um deles, o antigo galpão de baldeação, foi recuperado em convênio entre a prefeitura e o governo do Estado e custou cerca de R$ 500 mil, incluindo também a recuperação de uma praça em frente ao prédio.

De acordo com a prefeita, a restauração da rotunda está orçada em R$ 8 milhões e, de todo o complexo, em R$ 20 milhões. Os prédios foram adquiridos pela prefeitura em 2006. O projeto de reconstrução do pátio é elaborado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em São João del Rei, e deve ser apresentado em 17 de outubro.

Ana Rosa disse que a intenção é transformar o pátio de manobras em centro cultural multiuso, com capacidade para 17 mil pessoas. Um dispositivo giratório que era utilizado para as manobras das máquinas seria adaptado para um palco móvel e o complexo ferroviário como um todo se tornaria um centro turístico, com as outras edificações ganhando diferentes usos. “O turismo de negócios da região é em Lavras, mas queremos oferecer uma opção de lazer”, afirmou a prefeita.

Estado dos prédios emociona visitantes

A rotunda é um prédio circular construído com material vindo da Europa. Internamente, tem 30 colunas de ferro fundido que limitavam os boxes destinados a cada composição ferroviária. A beleza da construção e sua deterioração emocionaram os deputados que a visitaram. As paredes e o telhado estão danificados e o mato invade o ambiente. Os outros prédios também estão depredados e abandonados, formando um lamentável retrato do descaso com o passado do município. A secretária de cultura, Elaine Parreiras, confessou ter ficado “profundamente tocada por ver este patrimônio”.

A deputada Liza Prado se disse encantada com a exuberância da rotunda. “Pobre do povo que não dá valor a sua história e a sua memória”, declarou. Ela e o deputado Dalmo Ribeiro Silva se comprometeram a lutar pela recuperação do complexo histórico. De acordo com ele, esta também é a determinação do presidente da ALMG, deputado Dinis Pinheiro (PSDB).

Vamos fazer uma cruzada cívica”, disse, ao garantir que todos os esforços serão empregados para angariar recursos para as obras. Dalmo Ribeiro acrescentou que é preciso o envolvimento de deputados federais, governos federal e estadual e iniciativa privada: “Este compromisso não pode ser solitário; tem que ser solidário”.

O ex-prefeito de Ribeirão Vermelho, Nilton Lasmar, reforçou o pedido de restauração do patrimônio secular. “Um povo nunca terá um futuro, se não preservar o passado”, disse. César Mori Júnior, presidente do Circuito Ferroviário Vale Verde, movimento que pretende implantar o trem turístico no Sul de Minas, pediu mais ação para que o projeto seja concretizado. “Não podemos ficar só nas palavras”, disse.

Eliane Parreiras citou algumas formas de angariar recursos para o trabalho de restauração do complexo ferroviário. Segundo ela, a distribuição do ICMS aos municípios já prevê repasses maiores para aqueles que investem no patrimônio histórico. Também existe um fundo estadual de cultura e a lei de incentivo que permite benefício às empresas que investem nesse tipo de trabalho.

A secretária informou que, em novembro, o governo estadual vai lançar cinco núcleos regionais de cultura que vão levantar e organizar as demandas das cidades mineiras, visando otimizar a distribuição dos recursos e o desenvolvimento de programas. Os núcleos serão implantados nos municípios de Araçuaí (Jequitinhonha/Mucuri), Governador Valadares (Rio Doce), Uberlândia (Triângulo Mineiro), Pouso Alegre (Sul) e São João del Rei (Central).

Passado de glórias

O povoado de Ribeirão de Porto Alegre, atual Ribeirão Vermelho, nasceu às margens do Rio Grande, e teve na ferrovia sua glória e sua decadência. Em 1888, foi implantado na cidade um ramal ferroviário da estação de Lavras, município ao qual pertencia. Oito anos depois, foi construída a rotunda, hoje o maior patrimônio histórico da cidade. O transporte de trem substituiu o de barco a vapor e trouxe desenvolvimento à região. As oficinas instaladas no complexo chegaram a empregar 800 pessoas. Mas, a partir da década de 1940, com o incremento do transporte rodoviário em função da indústria automobilística, teve início o declínio das ferrovias, coincidindo com a emancipação do município, em 1948.

O último trem de passageiros circulou em 1996. Atualmente, a rede, que pertence à Ferrovia Centro-Atlântica, é utilizada apenas para transporte de cargas, sob gerenciamento da Vale. Segundo a prefeita Ana Rosa, o governo do Estado pretende implantar um trem turístico, a Maria Fumaça, ligando Ribeirão ao município de Carrancas, passando por Lavras.

06/10/11

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  1. Esse cara só fala, nunca fez nada, ele é um fanfarrão.

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