A Escola Ferroviária a ser implantada em Lavras terá o ensino técnico e profissionalizante necessário não apenas ao setor das ferrovias, mas também a outras áreas carentes de mão de obra, como indústria, agricultura e turismo.
A estrutura será construída nos galpões históricos da antiga estação ferroviária da cidade e terá, ainda, áreas de convivência, alimentação, museu e biblioteca, contribuindo para a preservação e valorização da memória ferroviária.
Os detalhes do projeto foram apresentados, nesta sexta-feira (9), à Comissão Extraordinária Pró-Ferrovias Mineiras da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), a requerimento de seu presidente, deputado João Leite (PSDB).
De acordo com o diretor Pedagógico da Escola Ferroviária de Lavras, Roberto Willians, inicialmente, os cursos serão mais rápidos, semipresenciais e destinados a formar, por exemplo, eletricista industrial, mecânico de motores a diesel e soldadores de várias especialidades.
“Esses profissionais podem atender indústrias, o setor agrícola e de turismo, como pousadas. Depois, teremos cursos mais elaborados e específicos, como condutor de trem”, explicou, justificando que essa é também uma forma de viabilizar o projeto.
O planejamento prevê, ainda, termos de ajustamento de conduta com empresas e parcerias com escolas de ensino médio para a oferta de opções profissionalizantes no contraturno escolar. Outra iniciativa será a capacitação de infratores de baixa periculosidade, para ressocialização desse público.
Demanda – João Leite reforçou a enorme demanda por mão de obra com formação nessas áreas. Ele citou reunião realizada nesta semana com Executivo, empresas, terceiro setor e 43 prefeitos da região Central em torno da instalação de uma escola ferroviária em Conselheiro Lafaiete. A instituição deve ter cerca de mil alunos.
Galpões históricos vão abrigar a estrutura
O projeto arquitetônico da escola, orçado entre R$ 3 milhões e R$ 4 milhões, prevê a adaptação dos amplos galpões da antiga estação ferroviária e a instalação de estruturas de apoio e de um museu. “O visitante poderá fazer um retorno ao passado”, garante César Mori Júnior, presidente do Circuito Ferroviário Vale Verde.
César Mori listou os materiais rodantes que vão compor museu e trem turístico na região - Foto:Willian Dias |
Ele também listou alguns dos materiais rodantes que já estão disponíveis para o museu, para a escola e também para a linha turística conhecida como Expresso do Rei, que pretende ligar Lavras a Três Corações. Além de guindastes e locomotivas, há dois carros de passageiros seminovos, doados pela Vale, que serão adaptados para a linha turística.
Apoio – Deputados, alguns deles com participação remota na audiência, celebraram a iniciativa de Lavras, baseada no diálogo com outros setores como destacou João Leite. Para ele, essa será uma escola modelo para o País.
“Só com a educação conseguiremos base sólida para esse projeto”, opinou também o deputado Coronel Henrique (PSL). O vice-presidente da comissão, deputado Gustavo Mitre (PSC), falou diretamente do Sul de Minas, onde visitava, justamente, cidades com potencial ferroviário.
Já Sargento Rodrigues (PTB) elogiou o trabalho da comissão e assinalou que Minas, por sua grande extensão territorial, tem muito a ganhar com o transporte ferroviário.
Requerimentos – A Comissão aprovou requerimentos de audiência, sendo um deles destinado a discutir a participação da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) no processo de renovação das concessões ferroviárias. Os autores, nesse caso, são os membros da comissão.
Em outro requerimento, João Leite, Gustavo Mitre e Coronel Henrique solicitam a realização de audiência para debater o Plano Estratégico Ferroviário e realizar o terceiro "workshop" sobre o assunto.
Dos mesmo autores, foi aprovada a realização de audiência para conhecer e discutir a possibilidade de doação dos bens vinculados a trechos e serviços ferroviários desativados que estão sob a guarda e gestão do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).